sábado, 13 de outubro de 2007

Minhas Irmãs

Minhas Irmãs

Como eram bonitas em seus vestidos rodados, estampados, godês, com laços na cintura e grandes decotes. Os cabelos presos com fitas, lindas fitas que me encantavam. Saiam perfumadas, usavam Promesa ou Madeira do Oriente, aquele perfume cujo vidro vinha com dois pauzinhos dentro, da própria madeira. Batons rosados, dentes brancos, unhas também rosadas e rouge, algum rouge para ficarem coradas. Nos bailes, ao dançar, seus vestidos esvoaçavam. Eu, por volta dos sete anos, me encantava com tanta beleza, tudo que queria era imitá-las, ser como elas quando crescesse. Os namorados também me encantavam, me mimavam, compravam bexigas coloridas e me presenteavam com diademas e bolsinhas. Eram belos, elegantes, distintos. As três eram diferentes mas muitas pessoas pensavam que duas fossem gêmeas, mesmo uma delas tendo olhos verdes e ser mais alta. A primeira mais baixinha, não tinha tanto glamour, sempre foi calma e pacata, pele muito clara e cabelos castanhos, de uma beleza suave, minha querida Dindinha. A segunda, considerada a mais bela por todos da região, olhos e cabelos escuros, como eu. Hoje, quando olho as fotografias vejo que somos quase iguais, com dez anos de diferença. Ela costurava e bordava como ninguém, seus vestidos eram um primor; lembro de uma saia godê, preta com bordados coloridos. Hoje ao folhear uma revista de moda vejo algumas bem parecidas. Tudo é um eterno retorno e uma doce saudade. A última das três, alta, magra, de olhos verdes e cabelos anelados, unhas imensas. Tenho inveja de seus olhos até hoje. Eu, aos sete anos queria ser igual a elas, crescer logo, ter quinze, dezessete, dezenove... Namorar, dançar, ser cortejada por rapazes elegantes, casar... Como o tempo era lento. Minhas três irmãs mais velhas, meus modelos.

Quando me tornei mocinha não se usava mais aqueles deliciosos vestidos rodados; era a vez da mini-saia, da contestação, do feminismo... O tempo agora passa muito depressa, sete, dez, doze anos, não fazem nenhuma diferença. As três jovens irmãs e a criança que as admirava são quatro mulheres maduras.

Juçara Medeiros Lasmar

25/09/04

Um comentário:

Yna Beta disse...

Suas irmã devem ter sido realmente
maravilhosas e lindas.
Bela descrição feita pela caçula
apaixonada.
Ainda não conhecia essa crônica,me apaixonei, também.
Linda.!!!!!
Beijos.
YNA